Rio Cricaré tem suas águas tomada por peixes de especies invasoras

O Rio Cricaré trás a calmaria em seu nome. Os Índios Tupinambás, que habitaram essa região, assim o chamaram pois Cricaré significa preguiçoso, lento, assim como de fato é o curso das águas calmas e mansas do nosso rio. Em tempos de outrora, o rio era a fonte de subsistência de muitas famílias e nativos que viviam por essas bandas. Hoje, com o passar dos tempos e com a poluição de suas águas, as espécies nativas de peixes tiveram sua presença muito reduzida. Elas deram lugar a um peixe que tem grande resistência a falta de oxigênio na água e a um alto grau de poluição, trata-se da espécie Clarias Gariepinus, conhecido popularmente como Bagre Africano.

Essa espécie de peixe não é nativo da nossa região, com isso, não há predador natural para ele, o que causa um grande desequilíbrio ambiental, como explica a Bióloga Suellen Bergamin Oakes; “ Por se encontrarem fora de sua área de distribuição natural e por não possuírem predadores naturais, essas espécies se multiplica rapidamente, competindo por território e alimento ou mesmo se alimentando das espécies nativas, causando assim um grande impacto ao ambiente.”

Quem passa na ponte Cristiano Dias Lopes, bem no centro de Nova Venécia, costuma ver vários desses peixes nadando próximo a ponte. Num primeiro momento é uma imagem bonita de se ver. Mas em uma análise mais ampla esses peixes tem desequilibrado todo o ecossistema e interferido na vida aquática que o Cricaré ainda consegue preservar.

Além de prejudicarem o bioma local, essas espécies exóticas proporciona outros tipos de prejuízo como explica a Bióloga; “Essas espécies exóticas invasoras, representam uma grande ameaça ao meio ambiente, causando enormes prejuízos a economia a biodiversidade e aos ecossistemas naturais, além de comprometer a própria saúde humana.”

Esses peixes foram introduzidos na nossa região no início da década de 80, como uma opção para a aquicultura. Por não ter agradado o paladar dos brasileiros, os produtores frustrados com o investimento que fizeram para se criar esses bagres, abriram suas represas e eles tomaramcontas dos rios e hoje em dia causa um enorme dano ambiental.

Seu controle ou extinção se torna bem difícil, por ser um peixe com uma expectativa muito longa, podendo viver por até 15 anos sem ser incomodado, e seu tamanho chega até 90 centímetros de comprimento em uma fêmea adulta. Outro fato relevante sobre essa espécie é que não gostam de águas profundas e que conseguem respirar fora d'água, o que fazem migrar de um lugar para o outro quando o rio ou represa não atende mais suas expectativas de alimentos. Eles também comem tudo o que lhe é oferecido, como por exemplo esgoto e matéria em decomposição.

Uma vez introduzido na região a sua extinção se torna um processo longo e muitas das vezes impossível de acontecer, mas uma força tarefa pode ser montada envolvendo órgãos públicos e a sociedade civil como explica Suellen Bergamin Oakes; “A melhor forma de evitar o impacto das espécies invasoras, é prevenir a introdução dessas no ecossistema local. Se já estiverem no ambiente o controle populacional contando com apoio dos habitantes da região e a conscientização dos mesmos, é uma boa alternativa para evitar mais danos ao meio ambiente.”

Em Nova Venécia, esses peixes são avistados, quase sempre, próximo a saída da tubulação de manilhas que leva o esgoto não tratado de parte da cidade até o rio, o que deixa claro os hábitos dessa espécie.

Reportagem Kaco Rodrigues


Comentários

  1. Está consumado,..virou praga e nunca mais veremos o Piauí, a piaba a traíra , sapos,etc... Até moldes feminina eu já tirei da barriga de um bagre desses. Foda!!!!

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