Produtores começam a contabilizar prejuízos com a seca em Boa Esperança
Com uma das piores seca dos últimos 40 anos, que assola
toda a região sudeste do país, o todo o estado do Espírito Santo vem
sofrendo. Em Boa Esperança, região norte do estado, a situação é muito
grave, os prejuízos atingem todos os seguimentos, uma vez que a economia do
município é baseada na agricultura.
Embora o relatório oficial com
estimativas de perdas em produção agropecuária, baixa vazão dos córregos e
volume de água dos reservatórios, associada a essa deficiência hídrica, em
função da estiagem prolongada no município de Boa Esperança, que ainda está
sendo elaborado pelo Incaper, são visíveis os prejuízos.
Na agricultura estimativa queda de mais 35% da produção de
café conilon. Em Sobradinho, o percentual de prejuízo na lavoura de café do
produtor rural Valdir Ramos Mattusoch ainda é maior.
“O sol intenso tem castigado muito a lavoura, os pés de
café estão galhos secos e os frutos estão murchos, vai cair em 40% da produção
esperada. Mesmo que volte a chover, não da para reverter o prejuízo”, explica o
agricultor.
O Produtor Rural Walter Bergamim, do Córrego da Onça,
região de Santo Antônio, diz que essa é a pior seca dos últimos anos.
“Nossa barragem baixou muito e já começou a faltar também
para até para nosso consumo. Nossa cisterna baixou quase dois metros. Acredito
que a estiagem este ano está muito pior que aquela passada. Há mais de 45 dias
que não chove. No passado registramos apenas 560 mm de chuva, volume muito
pequeno, ainda menor de no ano anterior” destaca o Produtor Walter
Bergamim.
Pecuária
Na fazenda Presidente, região do Quilômetro Vinte, que
abriga 2000 bovinos, no processo de cria, recria e engorda, foi contabilizado
uma grande perda do rebanho, por causa estiagem. Com a falta água e capim o
gado está morrendo no pasto. Com registro de baixa em 300 cabeças de gado nos
últimos cinco meses, os animais estão sendo transferidos para outra propriedade
em São Mateus.
“Com a seca já perdemos 300 cabeças de gado nos
últimos cinco meses. Com a falta água e capim o gado está morrendo no pasto. Essa
é a maior seca que já vi na região. Os córregos secaram e a falta de chuva, faz
com que o capim seque ,dificultando a pastagem. Para não termos mais prejuízos,
estamos transferindo parte do rebanho para outra propriedade, em São Mateus.
Nesse período dificulta também a reprodução dos animais, o processo
fertilização artificial está paralisado”, explica o pecuarista.
Abastecimento com caminhão Pipa
Na
Comunidade Quilômetro Vinte, o nível do reservatório baixou dois metros e o
abastecimento em 143 casas que havia sido reduzido, nos últimos meses passou
ser realizado com caminhão pipa, em ação emergencial da Prefeitura, para
atender esta população.
Rio do Norte
A marca da seca está muito visível nas pedras à beira de
pequenos rios e córregos afluentes e no solo, onde resta apenas um pouco de
lama, o que influência no baixo volume de água no Rio do Norte, que corta os
municípios de Boa Esperança e Nova Venécia.
“Moro aqui há mais de 36 com minha família e nunca vi esse
rio tão baixo, destaca o aposentado, Joaquim Araújo dos Santos”, comerciante e
morador do Patrimônio do Bis.
Comércio Local
A estimativa de queda na produção de café, que é o carro
chefe da economia esperancense, já refletiu negativamente no comércio do
município. O volume de vendas caiu 30% e consequentemente, há uma tendência de
um aumento da inadimplência, segundo informações da Câmara de Dirigentes
Lojistas (CDL). O Comerciante e morador da Comunidade Quilômetro Vinte, Aildo
Cecílio, percebe redução nas vendas do seu comércio por casa da estiagem e da
falta de água.
“Tenho poço artesiano que está secando, dependo de água
tratada par o funcionamento do meu negócio. Falta água para lavar louças, para
os banheiros na pousada e às vezes até para tomar banho. As vendas no comercio
caiu mais de 20%, porque as pessoas ficam com medo de comprar e não ter
dinheiro para pagar, já que há previsão de queda a produção”, comenta o
comerciante.
Campanha
Com lema “Economizar para não faltar”, a
Secretaria Municipal de Meio Ambiente está realizando uma campanha no rádio e
na internet, conscientizando a população sobre o uso racional da água, com
dicas simples que podem evitar o desperdício no dia a dia em casa.
Na sede do município a Companhia Espírito
Santense de Saneamento (Cesan) está realizando campanha pedindo à população que
economize para não faltar. Em virtude das estiagens que vem assolando a região
nos últimos anos, o Governo do Estado, por meio da Cesan, está realizando
investimentos de R$ 1.971.151,61 em um novo sistema de captação de água. A obra
esta sendo executada no patrimônio do Bis, onde será captada água do Rio do
Norte para manter o abastecimento na cidade.
Outras
informações relacionadas
Agência Estadual de Recursos Hídricos
A Agência Estadual de Recursos Hídricos (AGERH) já
declarou cenário de alerta e anunciou esta semana um conjunto de medidas para
tentar diminuir os efeitos da seca.
As medidas anunciadas no ultimo dia 27/01/2015 pela AGERH
foram baseadas nas previsões meteorológicas feitas pelo Incaper, que apontam
pouco volume de chuva para os próximos dias. A Resolução AGERH 002/2015 trata
do cenário de alerta frente à ameaça de prolongamento de escassez hídrica
engloba um conjunto de medidas para tentar diminuir os efeitos estiagem. Entre
as medidas, estão:
• suspender pelo período de 90 (noventa) dias, prorrogáveis enquanto perdurar o cenário, a concessão de novas outorgas de direito dos recursos hídricos, para finalidade de: irrigação, aquicultura, piscicultura, uso industrial e umectação de vias públicas e outras fontes de emissão de poeiras;
• recomendar que as instituições de fomento e, ou, de crédito agrícola suspendam imediatamente e por período indeterminado, as operações para implantação de novos sistemas de irrigação ou para ampliação de sistemas já existentes, exceto nos casos em que os sistemas objeto do fomento ou crédito agrícola sejam para trocas de sistemas que possibilitem a redução do uso de água;
• recomendar às companhias públicas e privadas e aos serviços autônomos municipais de água e esgoto que adotem medidas de redução de fornecimento para os contratos de suprimento de água para grandes usuários industriais, visando atendimento da prioridade legal de “dessedentação” humana e animal prevista na Política Estadual de Recursos Hídricos, Lei nº 10.179/2014.
• em face ao possível agravamento da situação, informar aos usuários outorgados (irrigação, agricultura, piscicultura, aquicultura e indústrias) em todas as bacias hidrográficas estaduais sobre a possibilidade de regras excepcionais de redução do uso por bacias hidrográficas e revisão imediata das Portarias de Outorga do Direito de Usos;
Neste sentido esta municipalidade solicita a todos busquem medidas para visando a economia no consumo de agua, buscando cumprir as legislações que proíbem as de atividades notadamente reconhecidas como promotoras de desperdício de água, tais como: lavagem de vidraças e fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com uso de mangueiras, rega de gramados e jardins, resfriamento de telhados com umectação ou sistemas abertos de troca de calor e umectação de vias públicas e outras fontes de emissão de poeiras, exceto quando a fonte for o reuso de águas residuais tratadas.
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